16 janeiro 2009

Será que as pessoas têm falta de auto-estima?

As actuais correntes de pensamento consideram que é fundamental ter uma boa auto-estima para se ser bem-sucedido, seja em que área for. Em relação às crianças, muitas pessoas defendem que o elogio (mesmo quando não apropriado) é indispensável para que elas se sintam motivadas. Parece que sem auto-estima não é possível sermos pessoas realizadas.
Mas, então, como é que eu posso aumentar a minha? Os meios de comunicação são bastante elucidativos. Se eu usar aquele produto e conseguir que a minha cintura fique elegante, o meu cabelo com fantásticos caracóis, a minha pele… se eu sair de um carro espectacular, se tiver o aspecto de uma estrela de cinema ou de um executivo cem por cento seguro de si próprio, se conseguir subir na carreira seja de que forma for…
Mas, ao olharmos para a realidade, é fácil percebermos que o nosso corpo vai mostrando os anos que já tem, que os nossos bens materiais muitas vezes não são assim tão abundantes como parece ser necessário, que a nossa carreira não está a evoluir como gostaríamos, que não estamos a conseguir lidar com muitas situações de forma eficaz ou com resultados positivos. O natural então é começarmos a ficar deprimidos e concluirmos: “Tenho baixa auto-estima”.
Se esta realmente depende da imagem, do status, das circunstâncias, é algo muito frágil e talvez acabemos por pensar que não há qualquer razão para nos sentirmos bem connosco próprios.
Este modelo de pensamento é anti-esperança. Para as pessoas que têm problemas, que não são bonitas, que têm tido uma vida difícil, qual é o prognóstico? Se elas não têm o essencial, estão à partida condenadas ao fracasso. E o que dizer de toda uma geração (como a minha, por exemplo) cujos pais não sabiam nada acerca da importância da auto-estima? O que dizer das pessoas que não foram sistematicamente elogiadas e incentivadas para que se pudessem tornar seres humanos felizes e equilibrados? A que é que elas podem aspirar?
Segundo esta forma de pensar, apenas a levarem uma vida amorfa e medíocre, enquanto admiram e sonham com os modelos divulgados pela comunicação social, aqueles que têm (ou parecem ter) tudo o que é necessário para uma elevada auto-estima.
No entanto, não sei se é assim tão alta a quantidade de pessoas que não gosta de si própria. Quase toda a gente gosta de si o suficiente para se alimentar, para cuidar das suas “feridas”, sejam elas quais forem. Desejar ser diferente ou ter algo diferente é outra coisa; não é desgostar de si. Aliás, assim, o que está a mostrar é que gosta de si, que se interessa por si o suficiente para desejar algo que lhe parece melhor.
Cada pessoa que de alguma forma busca o seu próprio bem mostra que se estima o suficiente para se empenhar nessa busca. O que muitas pessoas têm é um conceito de si próprio muito baixo e em muitos casos incorrecto. Isto acontece quando os valores estão invertidos, quando somos levados a colocar a nossa felicidade, o nosso bem-estar, em conceitos frágeis e ocos. Inevitavelmente, isto vai afectar toda a nossa vida, desde os relacionamentos, que se tornam cada vez mais tensos, difíceis ou então inexistentes (mesmo entre pessoas que vivem na mesma casa), até à nossa própria alegria. Continua a aumentar o número de pessoas que usam anti-depressivos ou que procuram terapias, de todos os géneros, que os possam ajudar a encontrar a paz.
Mas uma paz sólida, que se mantenha, independentemente das circunstâncias, não pode ser baseada em valores circunstanciais. Se a minha paz depender dos elogios que recebo, do meu bom aspecto, da maneira como sou eficiente, então essa paz não tem qualquer utilidade. Porque no dia em que eu tiver problemas graves ela vai desaparecer e eu ficarei pior do que se não estivesse a contar com ela.
Para encontrarmos o sentido da vida, para termos algo que nos ajude mesmo nos momentos mais difíceis, precisamos de ir muito mais fundo do que auto-estima. Precisamos de nos conhecer profundamente e de descobrir qual é o nosso propósito de vida… para que é que fomos criados. E quem nos pode guiar nesse processo é Aquele que está na origem da nossa própria vida.
Uma das abordagens usadas em Counselling é a de orientação bíblica. Tal como as outras abordagens, esta segue um percurso na busca de orientação e sabedoria. Crê que a Bíblia é a Palavra de Deus, inspirada por Ele e capaz de nos ajudar a resolver mesmo problemas característicos da época em que vivemos, como depressão, hiperactividade, stress ou falta de tempo.
É uma forma de terapia que ajuda o cliente a conseguir operar mudanças na sua vida logo a partir da primeira sessão de Counselling. Não é uma religião nem segue a filosofia de nenhuma igreja. É descobrir o que o texto bíblico ensina acerca da forma de lidar com cada tipo de problema e pôr em prática, passo a passo, enquanto somos motivados não pelo nosso visual, mas pelas mudanças que começamos a ver na nossa vida.
In Medicina & Saúde, Março 2007

1 comentário:

  1. Olá, encontrei seu blog gostei demais do tema e estou lhe seguindo já.
    Que bom, alguém para falar sobre questões tão profundas, muito obrigada por compartilhar seus conhecimentos e assim ajudar outros a se entenderem um pouco melhor.
    Um grande abraço,
    Carolina

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