14 agosto 2011

Londres: luta ou agressão?


Será lícito lutarmos pelo nosso bem-estar, pelos nossos direitos, pelas nossas famílias? Sem dúvida que sim! À primeira vista, lutar parece sinónimo de agredir. Mas... será?

Estamos a viver uma época de violência crescente. Esta é muitas vezes vista como uma reacção natural às pressões a que estamos submetidos. Concordo que o nosso primeiro impulso interior perante uma agressão, será também agredir. Mas não podemos esquecer que o ser humano tem opção. Nós não temos que viver ao sabor das nossas emoções, como se fossemos escravos delas. Podemos escolher como queremos reagir. É fácil? Não! Mas é possível.

Muitos especialistas defendem que a única forma de a violência "sair" de dentro de nós, é nós permitirmo-nos exprimi-la com toda a intensidade que sentimos. Recentemente encontrei uma pessoa que está a usar como um dos métodos de combate à sua depressão, o agredir violentamente uma almofada, enquanto grita insultos à dita almofada.
Será que a violência existe dentro de nós como se fosse um saco cheio, por exemplo e, se conseguirmos esvaziá-lo, ficamos livres dela? Na realidade não é assim que funciona. Não é possível "esvaziarmos" o nosso depósito de violência até ao fim. O que acontece é que quanto mais agredimos, mais violência é gerada dentro de nós, num ciclo vicioso interminável e crescente.

É realmente mau e prejudicial reprimir os nossos sentimentos negativos, porque eles não deixam de existir; apenas ficam camuflados.
No entanto, o que acontece é que as manifestações de violência contra algum tipo de injustiça, normalmente não atacam aquele(s) que está a provocar essa injustiça, mas pessoas inocentes que não têm qualquer responsabilidade nisso. Uma das caratcerísticas dessas manifestações de violência a que algumas pessoas chamam "luta", é que sempre são dirigidas para alguém mais fraco ou sem possibilidade de se defender. Por exemplo, os "corajosos" que têm estado em Londres e outras cidades a "lutar" contra as injustiças, andam encapuçados e limitam-se a roubar e destruir. Isto é luta? Ou será simples agressão?

Todos nós estamos debaixo de pressão. Todos temos problemas. O ser humano tem estado debaixo de pressão e injustiças desde o início da sua existência. No entanto, nem toda a gente reage agredindo ou destruindo.

Será que a violência a que temos assistido é provocada pelas circunstâncias? Não o creio! As circunstâncias não colocam nada de novo dentro de nós; limitam-se a apertar. E é nos momentos em que somos fortemente "apertados" que se pode ver o que na realidade temos (já tínhamos) no nosso interior.

Mas nem todas as pessoas reagem assim. É por isso que existe o bullying — na escolas, no local de trabalho, em casa (violência doméstica). Algumas pessoas não conseguem agredir em troca e acabam mesmo por nem conseguir defender-se. Esses são os alvos daqueles que optam por agredir.

Será que isto tem consequências?
Para as pessoas que são agredidas, as consequêncas são muito graves e podem deixar cicatrizes profundas. Mas para os que optam pela agressão, também há consequências. À medida que continuam nesse caminho, vão tendo cada vez menos liberdade de opção. Vão tendo cada vez menos capacidade de mudar e começar a ter atitudes diferentes.

É possível agir de forma diferente?
O elemento básico para a pessoa mudar, é querer essa mudança e estar disposta a trabalhar para isso. Uma pessoa que agride por hábito, que consegue o que quer através de gritaria, manipulação ou outro meio igualmente ilícito, pode pensar que é muito valente e habilidosa. Mas eu diria precisamente o contrário. Normalmente são pessoas que usam a agressão para camuflar as suas fragilidades e medos.

O que fazer?
Quem agride tem a capacidade de aprender a agir de forma diferente. Se você tem problemas com a raiva ou impaciência, por exemplo; se costuma sentir-se furioso(a) quando é contrariado, pode aprender a lidar com essas emoções de forma diferente.
Parte do trabalho que fazemos em Counselling é ensinar e desenvolver estratégias para prever as situações que provocam ira e para conseguir lidar com elas de forma mais correcta; é aprender a definir o que quer e a usar a criatividade para desenvolver formas mais eficazes de o conseguir, sem agressão. Não usar métodos violentos não significa desistir ou não lutar. Significa aprender a ser mais eficaz.

Se tem tendência para reagir de forma mais "quente", pode tornar-se capaz e livre para agir de forma correcta.
Se costuma deixar-se maltratar (física ou emocionalmente), pode aprender a evitar ou impedir isso.
É possível desenvolver as suas relações interpessoais de forma mais correcta e saudável.
Comece hoje a mudar a sua vida.

Se desejar saber como poderíamos lidar e ultrapassar as suas dificuldades específicas, não hesite em me contactar. Estou disponível para quaisquer questões ou esclarecimentos.