13 julho 2013

Terapia de Baixo Risco - I


Será preciso correr riscos?
É comum pensar-se que, nas psicoterapias, é normal a pessoa começar por piorar antes de haver alguma melhoria. É quase como agitar as águas. Enquanto estão quietas, tudo parece pacífico mas, se as agitamos, podemos descobrir coisas terríveis lá no fundo.




Em termos mentais e emocionais o risco pode parecer demasiado elevado. Enquanto não reconheces que estás a lutar com algum problema, é como se o mantivesses relativamente debaixo de controlo. No entanto, se aceitas olhar para ele e analisá-lo, podes estar a abrir uma caixa de Pandora e acabares por ser esmagado por problemas que não sabias que tinhas (ou talvez nem tivesses mesmo).

Não querer lidar com essas situações é uma atitude de auto-proteção que em nada ajuda a resolver o problema, mas os riscos que se correm ao "mexer na mente" são reais.


Quais são os riscos?
É frequente as pessoas procurarem a minha ajuda para resolverem algo que não é, de todo, o seu maior problema; ou, pelo menos, sem terem a total consciência da gravidade da sua situação. Nesses casos, qual deveria ser a minha abordagem? Ajudá-los a analisar, identificar, compreender o problema em profundidade para depois o começarmos a resolver? Parece uma abordagem que faz sentido, mas tem riscos demasiado elevados para além de resultados duvidosos.

E quais são esses riscos?

Numa situação emocional grave, como depressão, por exemplo, analisar o problema não vai trazer qualquer alívio à pessoa. Pelo contrário, vai intensificar os pensamentos e emoções negativas fazendo com que, naturalmente, o problema se agrave. Aí, o risco é a pessoa entrar numa depressão mais profunda ou mesmo começar a ter pensamentos ou atitudes suicidas.



Ou podemos pensar numa situação de conflito grave. Se vamos analisar o conflito, sem antes desenvolvermos e treinarmos nos intervenientes novos skills de comunicação (mais éticos, positivos, respeitadores, etc.) e estratégias mais eficazes para lidar com a ira, arriscamo-nos a que surjam novos dados / informações, que vão tornar a situação muito mais grave, com pessoas que ainda não desenvolveram a capacidade para lidarem com isso. Muitos processos de "gestão de conflitos" acabam por levar a um agravamento do conflito ou mesmo a uma ruptura porque não têm em conta essa necessidade de tornar as pessoas mais "capazes" antes de as colocar perante uma situação com que ainda não conseguem lidar. Em alguns casos, isto é quase o equivalente a encorajar alguém a correr uma maratona sem antes ter feito qualquer preparação para isso.

Qual a importância do alívio rápido?
Quando uma pessoa chega até mim completamente esmagada pelas suas emoções e incapaz de lidar com elas, por exemplo numa situação de angústia, ataques de pânico ou fobias, a necessidade mais imediata que ela tem é de alívio. Ao conseguirmos reduzir a pressão e o poder dessas emoções negativas, a pessoa começa a ficar mais forte e, acima de tudo, verifica e passa a acreditar que é possível ultrapassar aquele problema. Trabalhar com uma pessoa neste estado de espírito traz resultados muito mais rápidos e seguros do que com uma pessoa que levámos a "bater no fundo" — para além de que os riscos, em vez de aumentarem, vão sendo progressiva e conscientemente trabalhados e reduzidos.


Este é o 1º de uma série de artigos acerca da importância de se usar uma abordagem de terapia de não leve a riscos desnecessários e muitas vezes fatais.
Fica atento aos próximos artigos!

03 janeiro 2013

Estabelecer e alcançar alvos


      Todos nós estamos a caminhar em alguma direcção. As nossas acções levam a determinados resultados. No entanto, nem sempre estes são os resultados que nós pretendemos.

       Deixem-me dar-vos um exemplo. Quando eu comecei a usar o computador (sem ter feito nenhum curso de informática), verifiquei que o computador por vezes "fazia coisas" que eu não queria. Isto porque o computador obedece às minhas ordens e não às minhas intenções. Se eu queria algo, mas carregava nas teclas erradas, o computador fazia o que eu lhe dizia e não o que eu queria.

     O que é que isto tem a ver com alvos?
     Parece que quando queremos alguma coisa, só temos que nos esforçar por alcançar isso. Essa é a atitude da maioria das pessoas. Mas, se não definirmos bem o que queremos e não planearmos os passos necessários para o alcançarmos, provavelmente iremos ter um resultado diferente do que queríamos (e pior!)


     Um alvo deve ser SMART  -  Específico (Specific), Medível, Alcançável, Realista e no Tempo certo.
     Dizer, por exemplo, "Quero tornar-me uma pessoa mais paciente", não é específico. É preciso definir exactamente o que quer. Pode ser "chegar ao fim de uma conversa difícil, sem ter gritado". O alvo deve ser definido de forma que se possa visualizar. Um desejo vago não é um alvo.
     Também deve ser medível. Ou seja, deves definir aspectos que permitam "medir" se o alvo foi totalmente alcançado ou não.
     O teu alvo deve ser possível de alcançar. Não adianta estares a lutar por algo que não está ao teu alcance. Esse algo, se é importante, deve ser escrito e ficar guardado para mais tarde. E entretanto deves focar nos outros alvos que tens que definir e alcançar até estares em condições de colocar esse outro.
     É muito importante avaliares a tua situação, os teus recursos, capacidades, etc. para que o teu alvo seja realista. Isto não significa que o alvo seja algo pequeno. Se não há um estímulo, uma motivação forte para o alcançares, provavelmente vais desistir ou acabar por esquecer dele. O alvo deve ser mais do que poderias alcançar sem esse planeamento. Ou seja, o alvo serve precisamente para te levar mais além, para te levar a alcançares coisas que parecem difíceis. Mas deves avaliar com realismo a tua situação actual. Um primeiro alvo pode ser, por exemplo, aumentar conhecimentos, recursos, etc. para poderes estabelecer alvos mais ousados.
     O tempo aponta para dois aspectos. Deves definir o tempo em que pretendes alcançar o teu alvo. Podes definir o que queres alcançar num ano ou em seis meses, e aí defines a data (dia... mês...) e o que queres alcançar (especificamente). Para além deste alvo, a médio prazo, precisas de estabelecer outros pequenos alvos a curto prazo; precisas de definir as coisas que precisas de alcançar, passo a passo, para no tempo definido estares a alcançar o ALVO FINAL. Estes pequenos alvos devem ter as mesmas características que o alvo principal.
     Outro aspecto do tempo, tem a ver com o tempo certo para fazer ou alcançar uma coisa. Precisas de perceber se agora é o tempo ou se é necessário passar por algumas outras fases primeiro.

     Quando o alvo está definido, precisas de planear os passos necessários para o alcançares. Deves desenvolver o hábito de escrever.
     Define os recursos necessários, os que já tens, como podes obter os outros. Cria a tua TO-DO-LIST. Esta deve ser avaliada, corrigida, acrescentada, com frequência. Identifica as tarefas mais importantes e organiza-as numa sequência lógica.

     Para levar um projecto por diante, a motivação é um aspecto fundamental. Deves criar os teus próprios elementos de motivação. É muito útil teres alguém com quem possas partilhar o teu alvo e com quem possas discutir os progressos; alguém que te estimule e entusiasme a continuar.
    Algo que também serve como estímulo e motivação é o registo das tarefas já realizadas. Sempre que alcanças alguma das metas que estabeleceste, deves escrever isso. Este registo ajuda-te a ver de onde saíste e o percurso que já fizeste. Pode ser uma grande fonte de motivação, para além de ser um excelente recurso de avaliação de esforços feitos e resultados obtidos.
     Outro aspecto que eu considero muito útil, para além de agradável, são as recompensas. É bom criar o hábito de ter uma forma de recompensa, quando se chega ao fim de um trabalho ou se alcança um alvo. Pode ser algo tão simples como comprar um chocolatinho especial, ir ver o mar, ou alguma outra coisa que seja suficientemente gratificante para se tornar um marco na tua memória.


     A sabedoria para definir um alvo é tão fundamental como o planeamento da estratégia para o alcançar. É através destes dois aspectos, em conjunto, que podemos alcançar o que desejamos.

O que gostarias de alcançar ou mudar? Como podes transformar esse desejo num Alvo alcançável? Quais os passos que precisas de dar para o alcançares?

Se quiseres, envia-me por mensagem privada o teu próximo Alvo e qual a estratégia que planeaste para o alcançar. Terei todo o prazer em te enviar o meu comentário.