O Natal é talvez uma das
épocas em que há maior tendência para a depressão. É suposto ser uma época
festiva e de união entre as pessoas, e isso torna ainda mais dolorosas as
feridas profundas que há em nós e nos nossos relacionamentos. Tudo parece
alegre, exuberante, leve e tão fácil! Todas as famílias parecem (quase)
perfeitas. Esse espírito tão ligeiro e superficial cria nas pessoas uma
profunda falta de esperança. Muitas pessoas vivem essas semanas de "faz de
conta" com a certeza de que as suas famílias nunca serão assim. O riso e a
alegria alterna com momentos por vezes bem negros. E depois de terminadas todas
as festividades, fica o vazio.
A depressão funciona como
uma espiral descendente, em que tudo fica cada vez mais fundo e mais escuro. É
fundamental quebrar os elos dessa espiral, travar a descida e inverter esse
percurso.
No entanto, não é com
pensamento positivo que a depressão vai embora. A frase "Vai ficar tudo
bem", é não só mentirosa como cruel. É manter o sofrimento do outro num
nível de pouca importância, dizendo uma mentira de esperança.
Há vários factores na
depressão. O mais forte será, sem dúvida, as emoções. Mas nós não podemos mudar
as nossas emoções; não podemos mudar o nosso sentir. Apenas podemos recalcá-lo
ou negá-lo. Mesmo recalcadas, as emoções continuam lá, e acabam por se
manifestar mais tarde, por vezes sob a forma de problemas físicos (as chamadas
doenças psicossomáticas).
Outros factores da
depressão que têm um papel crucial são a forma de pensar e de agir. Mas, ao
contrário das emoções, estes são mudáveis. Nestes nós podemos trabalhar, passo
a passo, criando uma nova forma de lidar com o problema e, pouco a pouco,
influenciando e curando ao nível das feridas emocionais.
Ultrapassar a depressão,
tem muito a ver com algumas formas de mudança no teu agir e no teu pensar. Tem
a ver com quebrares elos da espiral descendente e inverteres o percurso. Tem a
ver com aprenderes a influenciar a forma como as coisas acontecem, em vez de
simplesmente permitires que elas aconteçam e que as suas consequências te
esmaguem.
É possível iniciares um
percurso diferente. E o dia certo para começares é sempre hoje - o ontem já
passou e não adianta viveres eternamente à espera de um amanhã.
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