ABORDAGENS
DA PSICOLOGIA
O
que posso esperar da psicoterapia?
No
século passado desenvolveram-se várias escolas diferentes no âmbito da
psicoterapia.
Em
Portugal, a abordagem mais comum é a terapia centrada no cliente, desenvolvida
inicialmente por Carl Rogers. O pressuposto básico desta abordagem é que, se o
terapeuta desenvolver uma relação de qualidade com o cliente, este conseguirá
resolver os seus problemas por si próprio. Esta relação terapêutica foca na
empatia e na aceitação positiva incondicional do cliente. Não é uma terapia
directiva e não pretende ensinar nada ao cliente. Acredita que todos temos uma
tendência inata para o crescimento e para sermos seres positivos e equilibrados
e que, se tivermos o ambiente propício, iremos desenvolver essas tendências.
Pessoalmente,
eu não acredito que um bom ambiente seja suficiente para se desenvolver um
indivíduo equilibrado. Nós temos libre arbítrio e podemos usá-lo de forma bem
negativa. A aceitação positiva incondicional também pode não ser a atitude
adequada, por exemplo, em relação a clientes que estejam a desenvolver
problemas graves, como é o caso de agressão ou abuso de outros ou, por outro
lado, de tentativas de suicídio.
Nesta
abordagem, por não ter um papel mais directivo por parte do terapeuta, o
"tratamento" pode prolongar-se indefinidamente sem que o cliente
consiga resolver o seu problema.
A
Gestalt, escola da psicoterapia que surgiu na Alemanha, é considerada uma
terapia ecológica pois vê o indivíduo de forma holística e sempre em relação
com o seu meio ambiente. Tem como principal alvo a tomada de consciência e
acredita que essa tomada de consciência é suficiente para que o indivíduo
resolva os seus próprios problemas. No entanto, tem um papel mais activo do que
a escola rogeriana (embora também não seja uma terapia directiva). Tornou-se
bastante conhecida, principalmente em trabalho com grupos e workshops, através
dos seus métodos pouco convencionais, como a técnica da cadeira vazia, esmurrar
uma almofada, role-plays, etc. dando sempre uma grande ênfase à experimentação.
O objectivo é que, através do uso desta experimentação o cliente consiga
encontrar o seu próprio caminho.
Outro
tipo de abordagem, são as terapias cognitivas, iniciadas por Piaget, que têm
uma grande ênfase no conhecimento e na aprendizagem. Os terapeutas cognitivos
acreditam que o cliente pode aprender formas mais eficazes de funcionar e de se
relacionar. Nesta abordagem, o cliente aprende a perceber a dinâmica do seu
problema e a desenvolver estratégias para o resolver. É uma abordagem completamente
diferente das duas mencionadas anteriormente, uma vez que o terapeuta cognitivo
"ensina" ao seu cliente formas mais eficazes de lidar com o seu
problema, coisa que tanto na escola rogeriana como na gestalt, seria impensável.
As terapias cognitivas têm um papel muito mais activo por parte do cliente,
sendo a abordagem da psicoterapia que mais se assemelha ao counselling.
Tendo
em conta as enormes diferenças entre as várias escolas de psicoterapia, percebe-se
facilmente que os resultados obtidos por elas também sejam diferentes e, mesmo,
que tenham público-alvo diferente. Por isso, antes de começares um processo de
terapia, faz todo o sentido procurares saber qual o tipo de abordagem que o teu
terapeuta usa e o que podes esperar dele.
Na
4ª parte deste artigo vou falar sobre as características do Counselling e das diferenças
entre este e as outras abordagens terapêuticas.