22 outubro 2010

Como Alterar Padrões de Pensamento Negativos


"O que são padrões de pensamento negativos?", poderíamos pensar. Afinal, não somos livres de pensar o que queremos? Ou as filosofias do "tens que fazer" e do "não podes fazer" também já querem controlar a forma como usamos o nosso pensamento?

O nosso pensamento é talvez aquilo em que somos mais livres. Os outros não têm como nos "proibir" de pensar seja no que for. Mas aquilo em que passamos tempo a pensar, tem alguns efeitos em nós. Então acho que faz sentido nós escolhermos com cuidado o que queremos que ocupe o nosso pensamento.

Os nossos padrões de pensamento são bastante inconscientes. E podemos facilmente verificar isso em nós próprios. Se tentar perceber, por exemplo, em que esteve a pensar ontem durante TODO o dia, provavelmente não conseguirá lembrar-se de mais do que uns poucos tópicos. No entanto, o seu pensamento esteve a ser usado durante todo o dia, sem interrupção.

Quando algo começa a ter um grande "tempo de antena" no mundo dos nossos pensamentos, começa a dirigir também as nossas acções. Isto tanto pode acontecer em situações simples e sem grande importância, como em aspectos que acabem por levar a problemas considerados distúrbios mentais, como em alguns casos de paranóia, por exemplo.

Um padrão de pensamento negativo pode levar-nos, a viver desconfiados, a andar preocupados, a desenvolver baixa auto-confiança ou auto-imagem, a ressentimento ou conflitos, depressão, ataques de pânico e mesmo a alguns problemas psicossomáticos como enxaquecas, problemas digestivos, etc.

O padrão de pensamento, para além de ser inconsciente, também é geralmente não intencional. Tenho encontrado pessoas que se sentem completamente escravizadas pela sua forma de pensar; que querem deixar de pensar "naquilo" mas não conseguem. Muitos vão tentando usar estratégias para se livrarem de pensamentos que os atormentam, mas sem grande resultado. Porquê? A intenção está lá. A motivação (considerada tão importante) por vezes é fortíssima. Então porque não conseguem mudar o seu padrão de pensamento?

Não podemos esquecer que o nosso cérebro está em constante actividade e o nosso pensamento também. Para além disso, quanto mais pensamos numa coisa, mais forte ela fica no nosso pensamento. Ou seja, se estamos a tentar deixar de pensar em algo, na prática o que estamos a fazer é a reforçar esse tema, a torná-lo mais importante no nosso pensamento.

O primeiro passo para mudarmos padrões de pensamento negativos é identificarmos os nossos. É importante apercebermo-nos do tipo de pensamentos e temas que andam pela nossa mente. Vale a pena gastar alguns dias a analisar os nossos próprios padrões de pensamento. Tentar perceber, várias vezes ao dia, em que estava a pensar nesse momento. E dividir esses pensamentos em categorias: preocupação, pensar mal de alguém, achar que não é capaz de alguma coisa, fantasias, etc. A escrita é uma ferramenta muito útil que vale a pena usar quando estamos a tentar mudar algo.

O segundo passo é mudar. Como conseguir isso? Se tentamos tirar algo do nosso pensamento ele fica "vazio" e a tendência é voltar a "encher", normalmente com o que acabou de sair. Então a estratégia não pode ser "tirar" mas sim "colocar". Ou seja, em vez de tentarmos deixar de pensar numa coisa, é muito mais eficaz colocarmos outra coisa no nosso pensamento.

Podemos fazer uma lista com algumas coisas que podemos pensar ou fazer quando apanhamos o nosso pensamento em flagrante, a andar por onde não deve. Estas coisas devem ser agradáveis e suficientemente fortes para substituírem o pensamento negativo. No princípio é natural o pensamento que não queremos, voltar logo a seguir. Então voltamos a colocar outra coisa na mente. Tenho verificado que quando são formas de pensar muito persistentes, ajuda usarmos a nossa voz, por exemplo cantando ou planeando coisas em voz alta.

Enquanto está a fazer isso precisa também de desenvolver a sua capacidade de análise. De perceber o que está a resultar e o que precisa de alterar.

Na prática isto não é fácil e requer trabalho e persistência. Mas acho que o resultado compensa.
in, www.meiobyte.net 

17 outubro 2010

Fazer a Diferença


Será que, numa época em que o marketing vive da alta tecnologia e de campanhas cuidadosamente planeadas, ainda há espaço para o "toque pessoal"?

Em frente da minha casa há um café que nós conhecemos há mais de 20 anos. É um típico café de bairro onde toda a gente se conhece. Há 2 ou 3 anos o meu filho, que estava no início da sua adolescência, sentou-se na esplanada com uma colega de turma que também vive ali ao lado. Quando o dono do café, que os conhece perfeitamente, lhes perguntou o que queriam (já com um certo mau modo), eles pediram um copo de água por favor, tentando ser educados. Ao que o dono respondeu: "Estão a gozar comigo ou quê? Vão já embora daqui."
Aqueles dois miúdos estavam a aproximar-se da idade de se tornarem clientes regulares de um dos cafés da vizinhança  -  que não aquele, certamente!

Há pouco mais de dois meses abriu ali ao lado um outro café, com nova gerência. A primeira coisa que nos leva a entrar lá é o ambiente com uma decoração bastante diferente do habitual e de excelente bom gosto. E o que é que nos leva a voltar?
Esta semana sentei-me lá um pouco ao fim da tarde e fiquei a observar. Tanto os patrões como os empregados fazem questão de se dirigir a cada cliente com um sorriso; sabem o nome dos clientes habituais (num negócio que tem dois meses!); vi um dos patrões  sentar-se por uns momentos a conversar com uns clientes e o outro a fazer uma "corrida" com uma garotinha de uns dois anos.
Dentro da equipa permitem e estimulam um à vontade e mesmo sentido de humor que torna o trabalho bem mais leve. (Se desejar pode ver algumas histórias no "Diário de uma empregada" em spaziodicaffe.blogspot.com)

Duas atitudes radicalmente diferentes. O segundo exemplo, para além de trabalhar muito o relacionamento com os  clientes actuais, já o está a trabalhar também com os da próxima geração.
Resultado: o segundo café já está sempre mais ou menos cheio, enquanto que o primeiro... está relativamente cheio no dia de folga do segundo.

Isto mostra claramente como nós, com a nossa atitude, podemos influenciar e mesmo mudar algumas das nossas circunstâncias. Hoje investe-se muito em tecnologia e marketing. No entanto, negligenciam-se aspectos básicos, como o relacionamento interpessoal.
Há uma quantidade incrível de ofertas, de produtos, serviços, em todos os níveis e áreas que se possa imaginar. A maneira de sobreviver em tal mercado de trabalho, é pela diferença naquilo que se oferece.

Nesta época de recessão e muito desemprego, tenho verificado um fenómeno interessante. Estão a surgir pequenas empresas, que muitas vezes não são mais do que negócios familiares e que, em pouco tempo, conseguem não só sustentar-se como começar a ter alguma relevância no mercado. Podemos pensar que isso se deve à qualidade do seu produto. Mas é preciso muito mais do que qualidade para que um negócio tenha sucesso.

Nestas últimas décadas a nossa sociedade tem vivido focada no individualismo, na privacidade / anonimato; no "não bairrismo". Isto tem as suas vantagens.
Mas já começa a surgir uma outra visão, que tem em conta a relevância de relacionamentos de qualidade (diferente de relacionamentos intrusivos). A nível profissional isto não passa só pelo bom atendimento, com educação e cordialidade (não perdemos a nossa privacidade só porque alguém nos sorri e diz "bom dia"!). Passa também por outros aspectos básicos na relação entre aquele que oferece algo e o possível cliente: a comunicação eficaz (muitas dificuldades surgem por causa de ignorância acerca de regras básicas da boa comunicação); a disponibilidade e maleabilidade para um atendimento minimamente personalizado; o cumprimento do que foi falado, entre outros.

Embora a formação nas áreas técnicas seja indispensável, um bom investimento na área comportamental pode muitas vezes fazer toda a diferença. As características que marcam a diferença nas empresas que progridem incluem aspectos comportamentais, que vão desde o desempenho da liderança ou o bom funcionamento da equipa, até à forma como se chega ao cliente.
in, vendamelhor.blogspot.com