"O que são padrões de
pensamento negativos?", poderíamos pensar. Afinal, não somos livres de
pensar o que queremos? Ou as filosofias do "tens que fazer" e do
"não podes fazer" também já querem controlar a forma como usamos o
nosso pensamento?
O nosso pensamento é
talvez aquilo em que somos mais livres. Os outros não têm como nos
"proibir" de pensar seja no que for. Mas aquilo em que passamos tempo
a pensar, tem alguns efeitos em nós. Então acho que faz sentido nós escolhermos
com cuidado o que queremos que ocupe o nosso pensamento.
Os nossos padrões de
pensamento são bastante inconscientes. E podemos facilmente verificar isso em
nós próprios. Se tentar perceber, por exemplo, em que esteve a pensar ontem
durante TODO o dia, provavelmente não conseguirá lembrar-se de mais do que uns
poucos tópicos. No entanto, o seu pensamento esteve a ser usado durante todo o
dia, sem interrupção.
Quando algo começa a ter um
grande "tempo de antena" no mundo dos nossos pensamentos, começa a
dirigir também as nossas acções. Isto tanto pode acontecer em situações simples
e sem grande importância, como em aspectos que acabem por levar a problemas
considerados distúrbios mentais, como em alguns casos de paranóia, por exemplo.
Um padrão de pensamento
negativo pode levar-nos, a viver desconfiados, a andar preocupados, a
desenvolver baixa auto-confiança ou auto-imagem, a ressentimento ou conflitos,
depressão, ataques de pânico e mesmo a alguns problemas psicossomáticos como
enxaquecas, problemas digestivos, etc.
O padrão de pensamento,
para além de ser inconsciente, também é geralmente não intencional. Tenho
encontrado pessoas que se sentem completamente escravizadas pela sua forma de
pensar; que querem deixar de pensar "naquilo" mas não conseguem.
Muitos vão tentando usar estratégias para se livrarem de pensamentos que os
atormentam, mas sem grande resultado. Porquê? A intenção está lá. A motivação
(considerada tão importante) por vezes é fortíssima. Então porque não conseguem
mudar o seu padrão de pensamento?
Não podemos esquecer que o
nosso cérebro está em constante actividade e o nosso pensamento também. Para
além disso, quanto mais pensamos numa coisa, mais forte ela fica no nosso
pensamento. Ou seja, se estamos a tentar deixar de pensar em algo, na prática o
que estamos a fazer é a reforçar esse tema, a torná-lo mais importante no nosso
pensamento.
O primeiro passo para
mudarmos padrões de pensamento negativos é identificarmos os nossos. É
importante apercebermo-nos do tipo de pensamentos e temas que andam pela nossa
mente. Vale a pena gastar alguns dias a analisar os nossos próprios padrões de
pensamento. Tentar perceber, várias vezes ao dia, em que estava a pensar nesse
momento. E dividir esses pensamentos em categorias: preocupação, pensar mal de
alguém, achar que não é capaz de alguma coisa, fantasias, etc. A escrita é uma
ferramenta muito útil que vale a pena usar quando estamos a tentar mudar algo.
O segundo passo é mudar.
Como conseguir isso? Se tentamos tirar algo do nosso pensamento ele fica
"vazio" e a tendência é voltar a "encher", normalmente com
o que acabou de sair. Então a estratégia não pode ser "tirar" mas sim
"colocar". Ou seja, em vez de tentarmos deixar de pensar numa coisa,
é muito mais eficaz colocarmos outra coisa no nosso pensamento.
Podemos fazer uma lista
com algumas coisas que podemos pensar ou fazer quando apanhamos o nosso
pensamento em flagrante, a andar por onde não deve. Estas coisas devem ser agradáveis
e suficientemente fortes para substituírem o pensamento negativo. No princípio
é natural o pensamento que não queremos, voltar logo a seguir. Então voltamos a
colocar outra coisa na mente. Tenho verificado que quando são formas de pensar
muito persistentes, ajuda usarmos a nossa voz, por exemplo cantando ou
planeando coisas em voz alta.
Enquanto está a fazer isso
precisa também de desenvolver a sua capacidade de análise. De perceber o que
está a resultar e o que precisa de alterar.
Na prática isto não é
fácil e requer trabalho e persistência. Mas acho que o resultado compensa.